GUARDA MUNICIPAL REPRIME A BATALHA DO RAP E INICIA NOVO CICLO DE ATAQUES AO USO DO ESPAÇO PÚBLICO

Notícias 13/09/2017

Quem passou pelo Largo da Alfândega na noite do dia 31 de agosto assustou-se com o enorme contingente da Guarda  Municipal no local, como se uma emergência estivesse ocorrendo. Nove carros, três motos e quase trinta policiais cercavam ostensivamente o grupo de jovens que não oferecia qualquer tipo de ameaça e apenas usava o espaço público. Em ação coordenada com a Secretaria Municipal de Segurança e com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (Susp), a comandante da Guarda, Maryanne Mattos, declarou guerra à Batalha do Rap em explícita discriminação institucional, já que não veremos esse mesmo tipo de atitude com eventos bancados pela classe média ou alta.

Há três anos, nosso mandato intermediou conversas com a Polícia Militar a fim de estancar a repressão que a Batalha já vinha sofrendo naquela época. Em reportagem de Rafael Thomé publicada um dia depois, o vereador Prof. Lino Peres declara: "As batalhas são manifestações culturais fantásticas, com poesia rimada, e já fazem parte da cidade. É uma atividade que contrapõe a desocupação da juventude. Não é reprimindo o uso do espaço público que vamos ter uma cidade mais humana e integradora. A cidade deveria estimular manifestações espontâneas como essa, até porque o espaço público é do povo, não da prefeitura". A reportagem pode ser lida aqui: https://goo.gl/S8cXkT

A ostensividade é inexplicável: em entrevista ao jornal Notícias do Dia em março, a comandante Maryanne Mattos reclamou do baixo efetivo e afirmou que trabalha com 40 agentes por turno. Ontem havia pelo menos 25 policiais no Largo, ou seja, mais da metade do efetivo estava deslocado para reprimir uma atividade cultural pacífica, apenas o uso permitido por lei do espaço público. A explicação do comandante da operação de ontem a um dos assessores do nosso mandato foi a de que dezenas de policiais estavam ali, em postura tática de cerco e com agentes fortemente armados, para "impedir o uso de caixas de som porque o evento não tem permissão".

Na edição 14 do Jornal dos Trabalhadores, produzido pelo Portal Desacato, o vereador Prof. Lino Peres fala (a partir de 2 minutos e 48 segundos, pode ser visto nesse link: https://goo.gl/yJZnwe) sobre a ação vergonhosa da Guarda Municipal. "Essa é uma visão muito antiga e atrasada de que para enfrentar um problema você o esconde, limpa seus efeitos. Essa questão da Batalha toca em uma questão central quando o poder público diz pra todos os cidadãos de Florianópolis que a cidade não tem espaços livres e a livre expressão. No fundo querem impedir a juventude de se manifestar", afirma Lino na entrevista.


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