Duplicação da Rua Deputado Antônio Edu Vieira: problemas anunciados
Os problemas apontados nas redes sociais na duplicação da Rua Deputado Antônio Edu Vieira já foram alertados ao município há mais de dez anos. Nós, do Grupo de Estudos da Mobilidade Urbana Sustentável (GEMURB), ligado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da UFSC, propusemos o “Sistema Integrado e Metropolitano de Transporte Público (SIMTP)” à Comissão de Estudos de Transportes e Mobilidade da UFSC (CETM), formada por representantes da Universidade, das comunidades da região e da Prefeitura. A Comissão trabalhou durante os anos de 2010 e 2014, havendo um trabalho contínuo durante nove meses.
Nos debates ocorridos, o Gemurb elaborou e apresentou à comissão uma proposta bastante elaborada de corredor de ônibus e passeios ao longo da Edu Vieira, aprovada pelo Conselho Universitário em março de 2014 e pelas comunidades limítrofes à UFSC, que resultou na concessão de um terreno de 3 hectares do campus da Universidade. A concessão exigia a contrapartida de uma série de melhorias do campus, entre elas a instalação de iluminação e a construção do projeto cicloviário da UFSC, com mais de 10 km de ciclovia, e diversos outros itens, incluindo o acesso ciclístico ao Centro de Ciências Agrárias, sistema de vias internas e corredor exclusivo para ônibus e passeios. Infelizmente, essas contrapartidas não foram cumpridas por nenhuma das gestões da Prefeitura até hoje, configurando um total desrespeito com os acordos assinados.
Agora, agravou-se a situação, porque a Prefeitura está implementando as obras, depois de cinco licitações interrompidas, sem construir o corredor de ônibus, que é uma necessidade indispensável para o sistema viário da região, e não desapropriou os terrenos do trecho que vai da Eletrosul até o Aterro da Baía Sul, que daria continuidade ao corredor de transporte público com duas pistas em cada sentido para o fluxo veicular. Outra novidade anunciada é um sistema binário que não foi amplamente discutido com as comunidades do entorno.
Houve duas audiências públicas e uma reunião ampliada da Câmara Municipal de Florianópolis, de 2010 a 2019, com exigências de implantação da via com passeios de largura adequada à circulação e segurança dos pedestres, valores de desapropriação acertados pelos valores de mercado, solução para o trânsito durante a realização das obras etc, inclusive com discussão de sistema binário e outras soluções junto à comunidade universitária e comunidades do entorno e da região. Infelizmente, os acordos pouco avançaram e predominou um projeto elaborado pela Prefeitura, que acabou não incorporando as sugestões do Escritório Técnico da UFSC (ETUSC, hoje DPAE) e tampouco do Centro Tecnológico da Universidade (CTC), cujos prédios sofreriam com os impactos da via.
Atualmente, o GEMURB, com apoio do Instituto Cidade e Território (ITCidades), está fazendo um estudo comparativo entre a proposta aprovada pelo Conselho Universitário da UFSC em 2014 e a que está sendo executado pela Prefeitura, agora sem o corredor de ônibus. Aliás, gritam perguntas como: O que aconteceu com a proposta de corredor? Fica para execução futura? Ou vão alargar ainda mais as vias projetadas voltadas predominantemente para o trânsito veicular particular?
Para conhecer a nossa proposta, clique em https://www.youtube.com/watch?v=B-Fnm8LLCCE e https://www.youtube.com/watch?v=kRTEmoHJyEg
Sobre o assunto, também indicamos a leitura do artigo de Manoel Arriaga Andrade e o artigo de Lino Fernando Bragança Peres no livro “Confrontos na Cidade: luta pelo Plano Diretor nos 20 anos do Estatuto da Cidade”, lançado em 2022, p. 409-430 e 381-402, respectivamente, no link https://ldarq.paginas.ufsc.br/files/2022/03/ConfrontosnaCidade-vrtl.pdf