Nesta quinta-feira, 7 de abril, às 18h30, no Plenarinho da Câmara Municipal de Florianópolis, acontece Audiência Pública para avaliar o Carnaval 2016 e delinear encaminhamentos e melhorias para o Carnaval 2017. Historicamente um entusiasta do carnaval de Florianópolis, Lino Peres acompanha o trabalho das comunidades e por diversos anos desfilou em Escolas de Samba (em 2016 desfilou na Ilha da Magia). Assim que o carnaval terminou, Lino fez uma análise do evento e propôs em Plenário a audiência que se realiza nesta quinta.
Será no Plenarinho da Câmara Municipal, às 18h30.
No vídeo abaixo, Lino enumera alguns problemas do carnaval deste ano, como a falta de transporte metropolitano para atender os foliões durante a madrugada, a falta de apoio da mídia (não houve transmissão da TV este ano), a falta de sanitários, a grande produção de lixo, a falta de cuidado com o patrimônio histórico, o monopólio de apenas uma marca de cerveja na cidade (AMBEV), as más condições de trabalho nos barracões.
No dia 6 de março, Lino Peres falou com a repórter Carla Macedo, da rádio Guarujá, sobre a Audiência Pública. Ouça aqui quais foram alguns dos pontos criticados pelo vereador na edição deste ano.
Leia texto do mandato publicado à época:
CARNAVAL DE MÚLTIPLAS FACES: ALEGRIA, TRABALHO FATIGANTE, EXCLUSIVIDADE DE LUCRO, DESLUMBRE...
Nosso mandato saúda todas as escolas de samba dos grupos especiais e de acesso e dos blocos do carnaval de Florianópolis que, além de encarnarem a alegria de viver e de se jogar no samba por intensos dias, pelos enredos contam as estórias e histórias da humanidade e da natureza, assim como os mundosmágicos pelas suas letras e cantos. Daí, narram a cultura, as lutas, os direitos humanos, as dores e sofrimentos, suas alegrias, perdas, conquistas, desenhadas nas alegorias, trazendo até o nosso mundo o conhecimento em suas diversas faces criadoras, uma história que a sociedade normalmente não vê no cotidiano, turbado pela correria de todos os dias.
É por isto que nesses dias de Carnaval, todos nós suspendemos, por alguns instantes nossos fardos, compromissos e labor, para abrir-nos ao mundo da alegria, para nos vermos e rir à toa pelo e no samba. É esta a missão desta festa maior, se é que há alguma finalidade última, o quão nos ensina e aprendemos pela brincadeira e pela festa nesses dias. Perguntamos: não deveríamos esparramar essa alegria todos os dias do ano?
TRABALHO DURO
Mas, para os que trabalham nos barracões dos carros alegóricos, nos ateliês das fantasias, roupas e adereços, nas inúmeras reuniões de organização das escolas e grupos, estes dias esfuziantes e de brilho são o final de uma longa jornada de horas a fio e muito trabalho que culminam no desfile final de 50 minutos na passarela. A estes trabalhadores e trabalhadoras, enviamos nossa homenagem e alegria por vibrarem ao ver a sua criação desfilar em apoteose.
No entanto, e lamentavelmente, ainda que seja por justificativa financeira, pelo fato de ser a maior festa no ano e atrair tanta gente do lugar e visitantes, o Carnaval torna-se um “produto” rentável e sujeito ao controle e monopólio de empresas que lucram direta e indiretamente com a movimentação gerada na festa, com a venda de alimentação, bebidas e serviços e produtos diversos, cuja movimentação financeira deveria ser melhor repartida, principalmente para aqueles e aquelas que constroem o Carnaval.
PODER ECONÔMICO
Por último, ressaltamos um problema mais grave e que tem ofuscado o brilho de nossa festa maior: a liberação do Patrimônio Público Histórico e Cultural para a iniciativa privada, como é o caso do Miramar, Largo da Alfândega, centros históricos dos bairros, entre outros, para determinadas marcas, como tem sido a marca Skol da AMBEV, que também domina a visualidade do Carnaval.
Durante o ano, toda a sociedade e nós, parlamentares em particular, lutamos para que os serviços públicos e seus espaços, assim como toda a obra coletiva, sejam discutidos em sua destinação, como a polêmica da adoção de praças, a utilização criteriosa dos espaços públicos, assim como sua segurança. Estamos em vigília no controle das ações do Executivo e da prefeitura como um todo sobre o que fazem com o erário público. Atuamos permanentemente utilizando nossa prerrogativa constitucional de fiscalizadores da coisa pública e como cidadãos. Assim, como permitir que somente uma marca de cerveja, por exemplo, porque há outras, monopolize os espaços públicos e os feche para o seu uso exclusivo? Vale a pena vendê-los por preços que seriam repassados para a prefeitura, que teria supostamente recursos para bancar o Carnaval? E mesmo assim, onde está este dinheiro? Onde é aplicado? A República em que vivemos e suas instituições no regime democrático têm preço? Nossos espaços públicos têm valor mercantil?
APROPRIAÇÃO POR TODOS
Ficam aqui estas reflexões para que repensemos o nosso Carnaval sob outras bases, mais democráticas e cujos resultados econômicos, materiais e culturais sejam apropriados por todos aqueles e aquelas que constroem e desfrutam efetivamente esta bela festa.