No âmbito do jornalismo é cada vez mais importante a reflexão da academia, cujo papel, entre outros, é estimular o pensamento crítico. Destacamos aqui a relevância deste papel no artigo produzido pelo professor e pesquisador Rogerio Christofoletti, coordenador do Observatório da Ética Jornalística (Objethos Ufsc), ligado ao curso de Jornalismo da UFSC.
No artigo, intitulado PONTO DE VISTA: QUANDO A MÍDIA ATROPELA REPUTAÇÕES, o autor analisa sete deslizes éticos que foram cometidos no episódio da fotografia que circulou nas redes sociais envolvendo o vereador Lino Peres e afetando sua imagem e a reputação. Diz o pesquisador: “É esperado que o jornalismo fiscalize os políticos, que morda os calcanhares dos poderosos, mas este exercício de contrapoder deve estar equilibrado em apuro técnico, em rigor investigativo, e em altos padrões éticos. Se seguir essa trilha, repórteres e editores não estarão fazendo nada além do que deles se espera – jornalismo! Mas se tropeçarem no caminho, seu trabalho estará contaminado e poderá ser questionado, e sua função na democracia terá falhado.”
Em um período de ameaças cada vez mais graves à democracia, o artigo vai além da discussão sobre a foto e enfrenta a questão do papel da mídia, mostrando como as “redações transferem às redes sociais, aos amadores e a terceiros suas funções principais: apurar com rigor e noticiar com responsabilidade”. Isso é ainda mais lamentável no caso da cobertura política, especialmente do Legislativo, que tem como um de seus papéis fiscalizar o Executivo e deveria ser acompanhado de perto e de forma independente pela imprensa, e não de forma pontual e dispersa, como ocorre hoje. O artigo é uma contribuição fundamental para compreender as implicações desta distorção e de como ela impede a participação crítica da população nas decisões sobre os temas importantes para a cidade.
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