AVE DE RAPINA: VEREADORES ABSOLVEM CESAR FARIA E BADEKO
Milhares de horas de gravações telefônicas, colhidas pela Polícia Federal na Operação Ave de Rapina, incriminam os vereadores Cesar Faria (PSD) e Marco Aurélio Espíndola (agora PHS, à época também PSD), o Badeko, como articuladores e beneficiadores de atos de corrupção envolvendo recebimento de dinheiro de empresários em troca de manutenção ou elaboração de contratos milionários. As fraudes, conforme a PF, envolvem licitações para instalação de radares e lombadas eletrônicas, realização de atividades festivas e alterações e influência na aprovação do projeto de Lei Cidade Limpa na Câmara Municipal. Ainda assim, os vereadores de Florianópolis decidiram por absolver seus pares pela suspeita de falta grave contra a ética e o decoro parlamentar no exercício dos mandatos, em denúncia feita pelo vereador Afrânio Bopreé (PSOL). O dia 30 de maio ficou marcado como mais uma demonstração de que o corporativismo e a leniência com o mau uso da coisa pública continuam sendo o tom da cultura política na Câmara Municipal de Florianópolis.
Relator da Comissão Processante no caso de Badeko, o vereador Lino Peres estudou extensivamente os autos do inquérito por três meses e chegou à conclusão de que havia motivos para a sua cassação. O presidente da Comissão, vereador Gui Pereira, não foi localizado no dia em que os três membros (o outro era Aldérico Furlan) deveriam analisar a indicação de Lino, e o relatório foi aprovado sem a sua assinatura. "Curiosamente, ele apareceu no dia 30 para a votação em Plenário e optou pela absolvição de Badeko", explica Lino no vídeo abaixo.
No caso de Cesar Faria, a maioria votou com o parecer da relatoria de Jerônimo Alves (PRB), que indicava a absolvição. O presidente era Ed Pereira. O curioso é que Jerônimo e o vereador Coronel Paixão, o terceiro membro, participaram da Comissão de Ética que votou unanimamente pela cassação dos dois parlamentares em novembro do ano passado. A votação em Plenário naquela ocasião foi impedida pela expedição de dois mandados de segurança da Justiça, que atrasaram ainda mais o processo e abriram espaço para a absolvição dos acusados. Tivesse sido realizada à época, é possível que eles tivessem sido cassados por causa de imensa pressão popular e o destaque do processo na mídia. Na segunda-feira, 30/5, apenas apoiadores de Faria e Badeko - que agrediram verbalmente os vereadores favoráveis à cassação e ameaçaram pessoas presentes, como a estagiária do nosso mandato - estavam presentes na galeria.
Eram necessários dois terços dos votos para a cassação. No caso de Faria, a maioria votou pela absolvição. No caso de Badeko, a maioria votou pela destituição do cargo, mas a soma dos votantes pela continuidade de seu mandato e dos que se abstiveram prevaleceu. A votação para cada caso foi feita pela suspeita de violação em quatro instâncias.
No vídeo abaixo, o vereador Lino Peres explica o que aconteceu na sessão de votação, como foi o desenrolar da Comissão Processante e qual o saldo político. "Será que o indiciamento de 17 vereadores na Operação Ave de Rapina dificultou a cassação dos dois vereadores?", pergunta Lino.