GEAN ESTREIA MANDATO COM BOMBAS CONTRA SERVIDORES EM DEFESA DE SEUS DIREITOS
Os projetos que tratavam de temas sobre os servidores no Pacote de Maldades do prefeito Gean Loureiro (PMDB) foram pautados nas sessões de terça (24) e quarta-feira (25), levando a perdas drásticas de direitos duramente conquistados pelos trabalhadores.
Uma das votações levou ao rebaixamento de 40% dos salários, com o corte de gratificações e desmonte do Plano de Carreira, Cargos e Vencimentos (PCCV), que havia sido aprovado pela Câmara Municipal por unanimidade em 2014, depois de mais de 25 anos de luta. O resultado desta votação foi de 12 a 11 para o governo. E isso sem que o Executivo tenha apresentado um quadro real da situação orçamentária da prefeitura, sendo que não se sabe ao certo o montante da dívida existente. Nosso mandato já protocolou requerimento para que o Executivo apresente esta informação.
A Reforma Administrativa de Gean Loureiro, ao contrário do que alardeia o discurso oficial de austeridade fiscal, não diminui gastos; em muitos casos, eles aumentam. Isso porque serão criadas 4 novas subprefeituras (hoje é apenas a do Continente), cada uma delas com secretário, comissionados e estrutura para funcionar. Também serão criadas mais 7 superintendências, além daquelas que substituem, incorporam ou submetem os atuais órgãos.
Vários órgãos, como o Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (IPUF), o Serviço do Patrimônio Histórico, Artístico e Natural do Município (SEPHAN) e a Fundação Municipal do Meio Ambiente (FLORAM), perdem força para atuar, ficando submetidos à supersecretaria SMDU (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), assim como o quadro de concursados ali existentes, porque o Executivo tende a privilegiar politicamente as subprefeituras e as superintendências, uma verdadeira máquina de controle político. Passam a ocupar as superintendências os comissionados, invertendo completamente as funções de carreira, que deveriam, além de ocupar cargos de chefia em sua maioria, exercer as atribuições institucionais de controle, planejamento e fiscalização.
O IPUF, por exemplo, perde centralidade no processo de planejamento urbano da cidade, como foi no processo interrompido de discussão e finalização do Plano Diretor na administração Dário Berger, deslocando esta atribuição e controle para a SMDU, o que burocratizou a análise dos projetos urbanos, ficando, o processo, vulnerável à influência direta do Executivo.
Esta “reforma administrativa” acaba, com isso, aumentando os cargos comissionados nos cargos-chaves de direção, além de ocupar funções estratégicas da prefeitura. Isto significa aumentar a influência direta do grupo político de Gean, batizado de G15 (os quinze partidos que o sustentam), que avidamente são “pagos” com estes “cargos comissionados”, além de serem agraciados com projetos no Pacotaço dos 38 projetos de lei. Tudo isso sem contar com outras benesses.
Concluindo: além de arrochar de forma inédita e criminosa os salários dos servidores, a “reforma” administrativa aumenta os cargos comissionados, engorda a máquina administrativa, sob o discurso falso da desburocratização e agilização administrativa, e eleva o grau de tráfico de influências que já vinha funcionando na administração anterior. Não somos contra os cargos comissionados, porque fazem parte da administração de governo para viabilizar a proposta eleita, mas devem ser regulamentados em lei, com limitação do seu número, que hoje é desproporcional em relação aos servidores de carreira, tendo ainda, muitas vezes, baixa profissionalização, alta rotatividade e desconhecimento das funções ocupadas.
Também foi aprovado na Câmara o parcelamento dos débitos da prefeitura como a Previdência do funcionalismo público, colocando em risco as aposentadorias, em calotes sistemáticos, assim como a criação do Fundo Previdenciário Único (fusão dos Fundos Financeiro e Previdenciário que existem atualmente), projeto de lei complementar que já havia sido rejeitado pela Câmara em 2014.
A sessão de votação destes projetos foi marcada pela violenta repressão aos municipários por parte da Polícia Militar e da Guarda Municipal, que usaram bombas de efeito moral e gás de pimenta. Toda essa arbitrariedade é uma amostra do que vem pela frente com a administração deste prefeito, que faz sua estreia com a marca de bombas lançadas contra servidores em defesa de seus direitos.
Estes Projetos de Lei Complementar, aprovados de forma apressada e sem debate amplo com os servidores e com a sociedade, estão ocasionando a maior greve dos servidores, incluindo chefias. E não é para menos: não há precedentes de corte tão abrupto e violento de salários tanto em Florianópolis como em outros municípios. O que os mobiliza também é a revolta por tanta violência por parte de um gestor que mal começou sua gestão.
Nenhum direito a menos!