Quilombos lutam por auto-sustentabilidade e titulação

Notícias 08/09/2014

Bela oportunidade de ver a organização de uma comunidade se expressar em um resultado concreto foi o Chá Quilombola, com venda de artesanato, promovido pelo Grupo de Mulheres Quilombola Vó Ciloca, na Comunidade de Remanescentes de Quilombo Aldeia, em Garopaba. O vereador Lino Peres esteve lá, com a assessora de gabinete Vanda Pinedo, a coordenadora do Movimento Negro Unificado (MNU), Maria de Lourdes Mina, e integrantes de entidades do movimento social e sindical. A visita, no dia 30 de agosto, se estendeu ao Quilombo do Morro do Fortunato, também localizado em Garopaba.

Nas duas visitas, as lideranças dos quilombos e os moradores compartilharam experiências. Maurílio Machado, da Associação de Moradores do Quilombo do Morro do Fortunato, contou a história do lugar, ligada a Fortunato Justino Machado, do qual é bisneto e que foi o patriarca da comunidade, filho de uma escrava e de um dono de engenho.

Titulação

Hoje a comunidade luta para obter a titulação definitiva de território quilombola junto ao Incra e também para viabilizar atividades econômicas que garantam sua sustentabilidade, como o plantio sem agrotóxicos e a produção de doces e biscoitos. O trabalho conta com o apoio do governo federal mediante a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), e o Programa Nacional de Alimentação Escolar.

Esses programas também viabilizam atividades na Comunidade Quilombola da Aldeia, onde foi realizado o Chá Quilombola. A formação do grupo da Aldeia está ligada à avó Ciloca, falecida em 2010, que era a matriarca da comunidade.

Aproveitando a visita, o vereador Lino Peres, como professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFSC e orientador do AMA (Ateliê Modelo de Arquitetura), o qual desenvolve um projeto de habitação rural para 12 comunidades quilombolas, esteve observando algumas casas construídas pela COHAB-SC no Quilombo do Morro do Fortunato, visitando uma delas para avaliar como esta construção se insere no território quilombola, considerando as particularidades culturais, modo de vida, meio ambiente, micro-clima local, etc.

Lino defende que cada habitação construída seja como uma espécie de marca digital habitacional e não um projeto-padrão para todos os quilombos. Esta atividade é de extensão universitária e pretende, além de elaborar um projeto habitacional específico e diferenciado para os quilombos, desenvolver uma metodologia de projeto participativo, no qual as comunidades são sujeitos e protagonistas do projeto de seu território de produção e de morada.

A luta quilombola, concebe o vereador, é parte constitutiva da identidade cultural quilombola e plataforma do movimento negro e do mandato.      

 


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